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Recesso escolar: pausa total ou momento para pequenas capacitações?

Recesso escolar: pausa total ou momento para pequenas capacitações?

Não tem jeito. Nas escolas, quando chega julho, professores e alunos já estão cansados, pensando nos dias de descanso que terão pela frente./Porém, os dias de pausa no meio do ano não são férias. São um pequeno recesso, uma pausa para recuperar o fôlego e seguir em frente, rumo ao segundo semestre de aulas.

Claro, para os alunos, são férias, mesmo. Descanso total. Para professores e funcionários, a pausa pode ser total ou, a critério de cada escola, ter alguns dias dedicados a reuniões, encontros ou cursos de capacitação para a equipe.

Para o professor André Marinho, doutorando em Educação pela Unirio, diretor-geral do Colégio Qi e ex-coordenador do Fórum Estadual de Educação do Rio de Janeiro, é importante usar o termo “recesso” para essa pausa do meio do ano, justamente para diferenciar das férias, que são um período maior, acontecem entre dezembro e janeiro e são para descanso total. “O processo educativo não é simples. Demanda da comunidade escolar como um todo: para os alunos, aprendizado; para os professores, labor. É muito exaustivo, fisicamente, emocionalmente e intelectualmente. Por isso, a pausa no meio do ano é fundamental. O problema é que como não há uma padronização nacional, cada escola define como será esse recesso: quantos dias serão (em geral, 15 dias) e em que período de julho. E como em geral professores trabalham em mais de uma escola, muitas vezes o recesso de cada uma dessas escolas, seja pública ou privada, não bate, não é na mesma época. Isso é muito ruim porque o professor acaba tendo poucos dias de descanso, pois pode ter recesso em uma e na outra ainda estar em aula. De qualquer forma, é bom frisar: sim, o recesso do meio do ano é necessário, fundamental e revigorante, tanto para professores, quanto para funcionários e alunos”, explica André.

Para Rafael Mansur, sócio-gestor da 4 Elementos Sítio Escola, em Belo Horizonte (MG), também é fundamental que esse recesso do meio do ano aconteça. “É um momento de descanso inevitável da equipe pedagógica. Não acredito que a escola inteira deva interromper as atividades porque a escola não funciona só em dias de aula. A estrutura da escola é maior do que isso. Então, é também um período de reorganização administrativa, de planejamento financeiro, planejamento de gestão da escola, rever o primeiro semestre para pensar como será o segundo semestre, preparar a volta dos alunos. E para tudo isso, precisamos de equipe administrativa dentro da instituição trabalhando em cima disso. Então, é um recesso que para os professores é fundamental e com os outros funcionários da comunidade escolar, vale uma escalonada com o pessoal: uma semana vem uma parte, na outra semana, descansa e vice-versa. Mas para os professores, o ideal é que haja o período de descanso maior possível”, analisa Rafael.

Aproveitar alguns dias desse recesso para fazer reuniões, encontros ou cursos de capacitação para a equipe é uma decisão de cada escola. Algumas optam por dar os dias de descanso integral e tudo bem. Na verdade, os professores até preferem quando é assim, claro. Porém, a escola pode optar por pegar alguns poucos dias do recesso e, nesses dias, convocar os professores para cursos de capacitação, por exemplo. “Se isso é um processo da escola, que seja tratado como tal. Isso quer dizer que é preciso bom senso e cuidado com esse calendário que, obviamente, precisa ser avisado previamente à equipe. E a escola tem que ter em mente que só pode contar com o professor nos dias que já são dias dele nessa escola. Nesse sentido, ao optar por fazer dias de capacitação para a equipe, é bom ter em mente que o ideal é ter, de repente, segunda e quarta para uma parte dos professores, terça e quinta para outra parte. Enfim, um escalonamento que ofereça a capacitação aos professores nos dias que são dias dele na instituição porque o gestor não pode obrigar que esse professor vá à capacitação em um dia que não é dia dele. E, claro, bom senso sempre: como é um período de recesso, se optar por fazer reuniões, capacitações, fazer isso em um ou dois dias da última semana. Assim, a instituição consegue garantir uma boa pausa a seus professores”, reforça André.

Marcelo Mocarzel, professor doutor da Universidade Católica de Petrópolis (UCP), concorda com André em relação ao oferecimento ou não dos cursos de capacitação. “Primeiro, folga total. Na última semana, pegar uns dois ou três dias e fazer capacitação com professores e funcionários, já preparando a equipe para uma volta com gás total. Acho bem salutar fazer dessa forma”, defende Marcelo.

E para a instituição que optar por realizar cursos de capacitação, que cursos seriam os mais interessantes? Para os especialistas ouvidos pela Villas Boas, são várias as possibilidades, mas é interessante frisar que entre as opções sugeridas por cada um deles, um único curso foi citado pelos três profissionais entrevistados para essa matéria. Foi o curso de Primeiros Socorros.

“Acredito que cada escola tem lá suas demandas específicas, sua realidade, e dentro desse cenário, ela pode pensar em um ou outro curso, mas há temas universais que precisam cada vez mais ser trabalhados por todos: inclusão; novas tecnologias; relações humanas; respeito à diversidade etc. Além disso, o recesso do meio do ano é uma boa oportunidade para as escolas capacitarem a comunidade escolar toda no curso de Primeiros Socorros. É fundamental esse olhar, esse cuidado. Tanto que virou, inclusive, Lei. É a Lei Lucas que fala na obrigatoriedade de se realizar capacitação da equipe nas escolas, preparar funcionários e professores para que saibam dar o atendimento de primeiros socorros”, explica Marcelo.

André e Rafael também falaram sobre a importância da capacitação em “Primeiros Socorros”. “Educação antirracista”; “Questões de gênero”; “Violência e maus tratos contra crianças e adolescentes”; “Não ao Machismo”; “Como impor limites a crianças e adolescentes”; “Excesso de Tela, como administrar” também foram temas citados pelos especialistas.

Lei Lucas

Inspirada pelo trágico caso de Lucas Begalli Zamora, de 10 anos, que morreu, ao se engasgar com um lanche durante passeio escolar, em Campinas (SP), em 2017, a Lei Lucas (13722/18) foi sancionada no dia 04/10/2018, pelo então presidente Michel Temer. Tal lei obriga as escolas, públicas e privadas, a se prepararem para atendimentos de primeiros socorros. Isso quer dizer que as instituições de ensino precisam ministrar cursos que capacitem professores e funcionários em noções básicas de primeiros socorros, ao menos uma vez por ano.

A criação dessa lei foi motivada após a morte do menino Lucas, que perdeu a vida em um simples passeio escolar. O motivo foi uma asfixia mecânica que ocorreu em questão de minutos. Ele se engasgou com um pedaço de salsicha do cachorro-quente, que serviram no lanche. Como não recebeu os primeiros socorros de forma rápida e adequada, o menino veio a óbito. Isso evidenciou a necessidade de as escolas terem profissionais qualificados neste tema em sua escola, preparados para realizarem os atendimentos de primeiros socorros.

Link da Lei:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13722.htm

Por Dani Maia

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